terça-feira, 8 de março de 2011

Nas Montanhas da Loucura: cinema é para crianças, TV é para adultos?

A notícia sobre o possível cancelamento da adaptação de Nas Montanhas da Loucura, de H. P. Lovecraft, pelo diretor Guihermo delToro, me fez pensar em algumas coisas. A alegada razão para o cancelamento seria o medo da Universal em investir um orçamento bastante generoso (150 milhões de dólares) em um projeto que receberia censura R, mesmo contando com Tom Cruise no elenco e a tecnologia 3D desenvolvida por James Cameron para Avatar. Em Hollywood, um filme só é considerado um sucesso se atinge bilheteria superior a três vezes seu custo de produção. Logo, Nas Montanhas da Loucura só daria lucro se chegasse a 450 milhões de dólares de bilheteria.
Em resumo: adultos que gostam de ficção científica e fantasia podem esperar sentados por um filme dirigido a eles. Ao menos, uma produção que dependa de efeitos especiais massivos. Nada contra filmes menores e mais arriscados (Moon, por exemplo), claro, mas quem disse que adultos não vão ao cinema para ver enredos fantásticos também? Eu me arrisco a dizer que o público entre 25 e 35 anos seria suficiente para justificar a produção de um filme como este.  Mas, e especialmente após a crise dos últimos anos, Hollywood quer bilheterias astronômicas e aposta na supremacia dos muito jovens. Por isso mesmo, o PG-13 se tornou um objetivo a ser atingido por muitos filmes – inclusive por alguns que não deveriam se adequar a este padrão. Os produtores que se defendem, citado bilheterias decepcionantes como as de O Lobisomem, se esquecem convenientemente da qualidade dos exemplos escolhidos.
A saída para histórias fantásticas para adultos tem sido a TV. Parece haver menos riscos e um custo de produção bem menor, além do barateamento dos recursos necessários para se fazer boa FC & F na televisão. Também é verdade que a venda de espaços publicitários nos intervalos é uma grande fonte de renda, algo que não é possível de se fazer no cinema – melhor nem imaginar um produtor querendo colocar Coca-Cola numa taverna frequentada por anões e guerreiros.
Produções como True Blood na HBO e The Walking Dead na Fox provam que a combinação tem dado certo. Não é à toa que a TV esteja atraindo cada vez mais atores e diretores do primeiro escalão.  Livres das exigências de um mercado cinematográfico que se dirige com volúpia apenas aos muito jovens, os roteiristas para a TV têm se arriscado mais e colhido resultados bem interessantes. Talvez a maior aposta (e maior prova disso) seja A Guerra dos Tronos, a nova série baseada nos livros de George R. R. Martin produzida pela mesma HBO que levou a sexualidade dos vampiros (e outras criaturas) de Charlene Harris para as telas. Aguardamos ansiosamente.

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